quarta-feira, 7 de outubro de 2009

RESPONDENDO À MENSAGEM “Para que serve uma relação” (de autoria do Drauzio Varela)

__Então já sei que eu sou, no mínimo, um ET, pois não consigo conceber nenhuma das razões apontadas pelo Drauzio no intuito de justificar uma relação. Estar sozinho é algo para ser apreciado; não falo de uma solidão estéril, que é aquela na qual não flui o potencial do indivíduo, sendo algo apenas circunstancial, quando não se teve a oportunidade para escolher estar sozinho. Aliás, há uma grande diferença entre ser e estar sozinho(a)...
A maioria das relações apresenta caracteres tão neuróticos que se transformam, muitas vezes, em uma grande perda de tempo, de energia e de privacidade. É um cobrando constantemente do outro o que não tem nem mesmo para si próprio e, portanto, desgastando-se mutuamente, perdendo a grande oportunidade de exercitar o autoconhecimento para se "resolver" como pessoa, antes de se projetar no semelhante.
É claro que existem relações saudáveis sob todos os pontos de vista, apesar da incompletude humana. Porém, viver a dois não deveria jamais ter se tornado um imperativo cultural, como se fosse essa a única forma de ser feliz...Um costume a ser copiado, imitado, demonstrado. É preciso emancipar-se! Ser dono de si, vencer o próprio egoísmo, ou seja, COMPREENDER-SE, primeiramente, para poder reconhecer-se no próximo (interesses à parte) e, a partir daí, amá-lo como a si mesmo, com toda a responsabilidade que isso implica.
Duvido que, depois se ter mergulhado corajosamente na própria complexidade, possa ainda parecer sensato a alguém tentar construir sua vida sob paradigmas tão frágeis como esse do “SONHO A DOIS”.
Creio que aquilo que está por trás de muitos idílios românticos é, unicamente, o medo de ficar sozinho. Isto, sim, é um grande problema que revela o vazio interior da maioria das pessoas. Gosto de falar sobre este assunto, porque tenho assistido a muitos dramas dessa natureza. Sei que não é o seu caso, mas, se observar bem, verá que as pessoas preferem tentar complementar-se de modo totalmente equivocado. Daí resulta uma espécie de vampirismo a que muitos chamam de amor.
Como se pode amar alguém antes de amar a si mesmo? Isso pode até ter rendido muitas letras de bolero, no passado, (... siendo el cautivo de los caprichos de tu corazòn...) mas a verdadeira felicidade tem passado bem longe de todas as vítimas desse barco furado.
Perdoem a expressão, mas tamanha ingenuidade não lhe cai bem...

bartho.anjos@hotmail.com

(a seguir, leia a mensagem)


PARA QUE SERVE UMA RELAÇÃO?

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e quase sempre, estimular você a ser do jeito que é,de cara lavada e bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.
Se entendêssemos assim, não haveria tantas pessoas sozinhas....
Drauzio

Um comentário:

  1. Tenebra, como sempre, adoro as coisas que você fala... E, dessa vez não foi diferente! É imprecionante o quanto me identifiquei com o texto que você escreveu... Digno de uma pessoa que adora a solidão como você, e que mostra queela não é ruim! E, eu concordo!

    Beijos.
    Maria de João Bode(É esse nome mesmo? haha)

    ResponderExcluir